“O ILUSTRADOR DO AMANHÔ (não resisti)

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Semana passada eu fui assistir Ghost in the Shell (A Vigilante do Amanhã). E já admito: só vi alguns trechos do animé e não me lembro direito. Então fui neutra, sem qualquer expectativa. Como ilustradora eu poderia falar sobre os personagens do filme: Major, a Gueixa, Batou (que amei) ou dos concepts de cair o queixo criados por Maciej KuciaraMas como eu já imaginava, a história roubou a cena. E talvez pelo fato dos temas serem tão universais, essa obra prima criada por Shirow há 20 anos (mãe Diná fellings), também dá pano pra manga para nós ilustradores.

Hoje mesmo respondi um email de uma moça que me contou o quanto estava desanimada com a área, que tinha passado por maus bocados, mas que sentia que aquilo era o que ela queria fazer. Ouvi um podcast de criação que dizia sobre formas de encontrar sua própria voz na ilustração. Numa palestra sobre zen budismo, a frase “existe algo dentro de nós que procura” ficou na minha cabeça. Assisti um vídeo lindo essa semana, de senhoras falando sobre se preocupar mais em ser do que em fazer. Não é coincidência. 

Entre tantos temas, o filme fala sobre a busca da própria identidade e eu desconfio seriamente que na ilustração quem se sente realizado e feliz na profissão é o cara que está disposto a essa procura. Não é a tablet, não é o software. Mas o que está no nosso DNA e taí algo que nunca poderá ser manipulado. Quando você entende isso, o teu trabalho muda e você vai conseguir se manter na lida. E se a gente se propõe a essa busca, é certo que nem tudo será o sol do Teletubbies. E aí eu chego num outro ponto crucial para o ilustrador: enfrentar suas falhas e os tropeços pelo caminho. Você está correndo com vontade e dá uma topada estratosférica no dedinho do pé. Você não tava esperando, vê estrelas. Tudo bem, o dedinho do pé tem uma força inacreditável. Xingou? Chorou? Beleza, continua. Esses são os seus “glitches”. No filme ele são definidos como “falhas” do sistema, mas é isso que impulsiona a Major a continuar em frente. Vou te dar uns minutos pra pensar na beleza desse pensamento…sério.

O que eu noto é que existe um movimento grande de ilustradores temerosos. E eu não digo isso olhando a distância, mas com propriedade. Tirando o Demolidor, todo mundo tem medo de alguma coisa – mas tem que ver o quanto isso está te atrapalhando. O medo de ser rejeitado está nos top 5, concorda? Medo de mirar em objetivos grandiosos também está ali, no topo da lista. E esse último não envolve necessariamente um job pra Disney, mas desenhar um personagem novo todo dia, sem o objetivo de validação nas redes sociais, mas de ter o prazer de ver sua própria evolução acontecendo ali na sua frente, em tempo real. O quão grandioso é isso?

A real é que a gente não se encontra como ilustrador, porque tem a mania de esconder os erros, de varrê-los sem dó pra debaixo do tapete. Afinal, crescemos numa sociedade que enaltece o acerto, a vitória. Ninguém dá uma medalha de “parabéns, você se arriscou”. Mas como ilustradores (e importante frisar, seres humanos), não podemos encarar isso como uma verdade. Se você não conseguiu desenhar aquela mão do jeito que imaginou, não a coloque no bolso. Isso é trapaça, com você mesmo. Rabisque até conseguir. Desenhe 50 vezes se precisar. Preciso te falar que trabalhar com ilustração é isso – tem que ser casca grossa. Nunca desistir, entender o que te impulsiona, correr atrás e sempre que der, se jogar inteiramente nisso e curtir a jornada. 

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Você sabe o que tem que fazer. Close your eyes and jump, baby. 

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5 ILUSTRADORAS COM PÓ DE PIRLIPIMPIM QUE VOCÊ PRECISA CONHECER

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Pirlipimpim.

  1. pó com propriedades mágicas que algumas pessoas adquirem com muita dedicação e paixão pelo o que fazem e manifestam isso com talento incomum;
  2. substância que lembra glitter, porque pode durar para todo o sempre. 

Para homenagear as mulheres, estou aqui para falar de muito girl power na ilustração. Aqui neste post eu selecionei 5 ilustradoras que eu admiro muito e que têm uma visão diferente, instigante e criativa do mundo!

Eu carinhosamente digo que algumas pessoas nascem com pó de pirlipimpim, alguma coisa diferente que faz com que o mundo seja um lugar mais…legal. Essas moçoilas tem isso, sem dúvida.

Elas que se inspiraram em outras profissionais maravilhosas e que fazem parte de uma nova geração de ilustradoras estão fazendo bonito. Fiz questão de selecionar diferentes estilos e propostas pra você se inspirar no trabalho dessas lindas!

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5 FORMAS DE SE MANTER MOTIVADO NA ILUSTRAÇÃO E NÃO DEIXAR A PETECA CAIR NO COMEÇO DE CARREIRA

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Engraçado que no começo do ano a gente recebe mais mensagens aqui no Estúdio, é batata. Desconfio que as pessoas estejam contagiadas com o ano novo e suas resoluções. Me chamem de insensível, mas não dou muita bola pra datas, sempre acho que o recomeço não pode depender de números (muito menos de segundas) – tem que ser algo que vem de dentro e deve ser feito sempre que der na telha mesmo numa quinta, às 13h46. Mas não estou aqui pra falar disso, elaiá que quase me perdi aqui.

A questão é que essas mensagens tratam de um mesmo assunto: aquela vontade de chutar o balde e viver de ilustração! Prometer pra si mesmo que vai desenhar todo dia, que será um ser humano melhor. Eu estou te olhando com o meu olhar de compreensão, porque afinal, quem nunca? E por isso, eu resolvi falar sobre 5 dicas que ao meu ver podem te ajudar a não deixar a peteca cair logo no começo de carreira, porque o começo é sempre mais truncado – mas quando você coloca na primeira, vai que vai.

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SAINDO DA TOCA: DESENHANDO NO MUSEU DE ARTE DE ONTÁRIO

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Hoje estamos cultos, transgressores, reflexivos. Esse post é pra quem reclama que está com bloqueio criativo, que não consegue destravar a munheca, que se sente incapaz de desenhar fora de casa. Então dá a mãozinha aqui, que eu vou te levar comigo pra ver como dá pra tirar muita inspiração do mundão que está lá fora e como isso pode te dar combustível para os jobs do dia a dia e também para os seus projetos pessoais 😉 Você não precisa levar um arsenal imenso: uns dois lápis, borracha, um sketchbook de capa dura e sua cabeça bem aberta e relaxada. Se quiser, finalize em casa, mas a ideia aqui é tentar fazer o máximo que der fora de casa!

E nesse primeiro vídeo da série Saindo da Toca, vamos visitar o Museu de Arte de Ontário e desenhar como le gusta, ilustríssimos. Afinal, não é todo dia que você desenha junto com Rembrandt, então vamos aproveitar a oportunidade?! Vamos. Mas lógico que eu não conseguiria só desenhar de boas. Também atrapalhei um grupo de visitantes e fiz vergonheira em público quando vi meu quadro preferido de Andy Warhol. Achegue-se:

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COMO SER MAIS LEGAL NO BEHANCE (E DE QUEBRA ATRAIR PROJETOS)

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Eu dei risada aqui com o primeiro título que pensei para este post: como o Behance mudou minha vida. Porque se for substituir a palavra Behance por Ioga, Você, Veganismo também dá samba, de um jeito meio cafona, mas dá. Bom, sempre fui péssima em títulos, desde a época da escola e aí penso que tem coisas que não mudam mesmo. Enfim, tirando a minha abstração com o título, eu resolvi falar sobre como o Behance já me ajudou nessa vida de ilustração e te dar dicas-golden-plus que aprendi na prática. Não carrego milhões de seguidores e curtidas, mas o Behance sempre atraiu projetos. E não é pra isso que estamos aqui?! 

Se tem um jeito de você ganhar visibilidade nessa rede é através da Curadoria do Behance (Curated Galleries). Diariamente a equipe da rede escolhe os melhores trabalhos e quando o seu projeto é selecionado você vai se sentir feliz porque estará numa galeria VIP e o seu projeto ganhará uma singela tag, tipo uma estrela no seu caderno de artes. Essa galeria estará lá para os visitantes, pessoas maravilhosas que estão procurando profissionais também maravilhosos. Tá Clau, mas como faz pra entrar nessa parada de sucesso e divulgar meu portfólio? Na verdade tem N fatores que são avaliados: qualidade, originalidade, interação, imagens em alta e o cuidado em apresentar o trabalho. Desconfio que existem alguns outros motivos que ninguém comenta, mas eis o que descobri como usar o Behance e o que realmente funciona e deve ser levado em consideração por você, ilustríssimo.

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Misturando diferentes técnicas e estilos na ilustração

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Eu sou o que chamam por aí de vector lover. Ou seja, a maluca por vetor, que nada mais é do que uma ilustração formada por pontos matemáticos, que na prática permitem que você aumente e diminua seu desenho sem perder qualidade – em programas como o Illustrator, da Adobe. Mas no decorrer da minha vida trabalhando com ilustração ou simplesmente praticando, tive contato com algumas outras técnicas de desenho. E muita gente já veio me perguntar se deve testar outras formas de ilustrar, se isso vai fazer com que se perca o estilo próprio ou que até mesmo descobrir uma forma de ser mais comercial. Nesse último quesito há muitas controvérsias, mas sim, existe essa coisa da ilustração ter uma estilo mais comercial, que cai nas graças de determinados nichos e viram tendências. Eu já conversei com muitos editores de arte que montam livros, principalmente os didáticos e paradidáticos que buscam por artistas vetoriais, pela flexibilidade e principalmente pela rapidez nas entregas. Assim como editoras e agentes que não aceitam técnica digital, principalmente vetor.

Mas a questão aqui é te falar que se aventurar em experiências com diferentes técnicas de desenho e estilos é uma forma de evoluir como ilustrador. E uma das dicas que dou é começar a fazer isso agora (não amanhã ou pra depois) e reservar um cofrinho só para compra de materiais diferentes. Eu admito, tenho problemas seríssimos em usar canetas e lápis que sei que são ótimos. Na minha primeira viagem para a terra do Obama (e oremos, será em breve a de Hillary). a.k.a Estados Unidos, que fiz há uns 4 anos, me joguei na loja de artes Sam Flax e comprei os mais diferentes tipos de acessórios, coisas que não tem por aqui. Ainda tenho muitos deles, só porque fico com dó de usar. Não faz sentido, então não faça como eu. Temos que usar tudo sim, deixar lápis cotocos e canetas secas de tanto uso. E sair daquele lugar confortável que muitas vezes estamos há tempos e isso não significa perca de identidade, mas uma vontade de explorar as infinitas possibilidades de deixar o seu trabalho melhor.

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Essa ilustração da Frida Kahlo foi pura experimentação de duas técnicas. Colagem e vetor, ninguém diria que daria samba e sem dúvida, essa é uma das minhas ilustras mais populares, publicada em lugares mucho bacanas. Mas aí é que tá: na época eu não tive nenhuma preocupação de fazer uma ilustração comercial ou que agradasse aos outros, o intuito era o experimento e a inspiração no livro Segredos de Frida Kahlo, que tinha lido recentemente. Assim como a experimentação que fiz numa aula de Tipografia, pra criar minha versão de Alice, que está no topo desse post.

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